quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Clarissa Corrêa: Eu não sei me guardar.

Gente, que texto maravilhoso. Vale muito a pena ler. 

Não sou de me guardar, muito menos de me poupar. Acho que a gente deve deixar o orgulho, o ego e as aparências de lado e viver. Viver na forma mais intensa da palavra, pois tem gente que vê a vida passar pela janela do carro e não faz nada para mudar. Outros tantos se escondem atrás de trabalho e problemas imaginários e deixam de sentir.
Que coisa horrível essa, meu Deus. Deve ser muito triste esfriar por dentro, perder a vontade de experimentar novas aventuras e se jogar no balanço bom que só as emoções coloridas trazem.
Eu decidi, há muito tempo, que estou aqui pra ser feliz. É evidente que não vou passar por cima de ninguém, muito menos ser desonesta com meus princípios. Mas eu quero ser feliz, quero jogar os medos no lixo, quero me abrir para as oportunidades, quero me deixar levar sem medo e sem freio.
Já quebrei a cara com amigos e com amores. E tudo bem, acho que isso faz parte do crescimento emocional. Nem todo mundo consegue entender a forma que a gente sente. Temos o dever de respeitar o espaço dos outros. Se eles não querem (ou não sabem) se dividir, problema é deles. Não estou aqui para convencer ninguém, quem quiser embarca comigo nessa loucura que é sentir. Quem tiver medo, sinceramente, que aprenda a lidar com seus demônios, que vá fazer terapia, meditação ou tomar tarja preta. Não estou aqui para salvar ninguém.
Nunca parei para pensar se eu estava fazendo papel de trouxa. Sempre fui de me entregar aos sentimentos. Se a outra pessoa não tem capacidade, maturidade ou discernimento para entender, paciência. Pelo menos eu fico em paz com a minha alma. Isso vale muito. Além do mais, se alguém não consegue compreender um sentimento realmente não merece uma pessoa que saiba se doar.
Cansei de conviver com gente egoísta, que não se doa ou que não sabe o que quer. Mas eu sei o que quero e isso diz muito. Sei onde quero chegar e, principalmente, o que não quero de forma alguma na minha vida. Certas coisas não fazem parte do meu dia a dia, tampouco do meu vocabulário.
Não tenho muitas papas na língua. E, olha, tem gente que acha que já fiz muito papel de otária. Já escrevi carta, bilhete. Já mandei flores, presente. Já pendurei faixa. Já pintei quadros. Já mandei mensagem. Já liguei. Já fui pegajosa. Já fui horrorosa. Mas pelo menos eu fiz alguma coisa. O pior é ficar parado esperando a vida acontecer.
Se você tem vontade de dizer algo para uma pessoa, diga. Sem medo do que ela vai pensar, sem medo de se arrepender, sem medo de parecer bobo ou idiota, sem medo de se sentir diminuído ou fraco, sem medo de ficar vermelho. Diga sem pensar em nada. Quando o que a gente diz vem de dentro tudo faz sentido.
Clarissa Corrêa é redatora publicitária e autora de Para todos os amores errados (Gutenberg).
*Texto retirado do blog da Editora Autentica. 

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